terça-feira, 14 de março de 2017

A praxe que não aconteceu

"Em Coimbra, a Formosa
germinavam
as vermelhas estrelas
da loucura" *

"Uma noite, da sarna afirmativa, resolvemos (...) formar uma trupe. Uma tesoira no bolso e a colher de pau (...) alguma coisa a servir de moca e fomos postar-nos no Arco de Almedina onde uma lâmpada, algures, maior espessura conferia à escuridão do lugar. (...) Encostámo-nos àquelas pedras, polidas de seculares encostos (...) embrulhados nas capas que eram então uma segunda pele. Às tantas, veio de lá um vulto, dos lados da alta, embuçado também. Era o Zeca. Foi o sinal para desmancharmos o aparato (...) e o Zeca foi em paz. (1)

(...) Por sorte extraordinária ainda não fui incomodado pela mão inexorável da praxe não sei se por já não ter cara de caloiro (...) se por não ser ainda conhecido entre os dótóres (...) (2). Ontem fui abordado por uma trupe à saída do cinema Avenida, mas descansa que desta vez não fiquei sem cabelo por ter alegado que era jogador (da Académica) (...). Por coincidência engraçada vinha na mesma trupe o João. De forma que, se o chefe da trupe me quisesse rapar, o João tinha que me rapar também. (3)



* Fui ao enterro de um leão - Texto e Canções
(1) - "Um Olhar Fraterno" de João Afonso dos Santos
(2 e 3) - carta de Zeca aos pais e irmã nos anos 50 in "Livra-te do Medo" de José A. Salvador

foto: Zeca, Mariazinha e João

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