sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

O Tributo num jornal online

Umas palavras sobre a razão do aparecimento do meu blogue "Tributo a Zeca Afonso" e como conheci Zeca Afonso


Diz Fausto: «Em 1975, o MFA convida-me a mim, ao Zeca e ao Adriano para irmos a Angola. Fomos cantar e tocar em sessões prioritariamante dedicadas aos soldados portugueses que lá estavam, com os acordos de Alvor ainda frescos (Janeiro de 1975). O espetáculo na cidadela de Luanda teve mais de vinte mil pessoas. Além de nós, atuaram o Rui Mingas, o Tonito, Lamartine (Carlos) e um conjunto angolano, Merengue. Viajávamos num avião da Força Aérea e fizemos espetáculos em Cabinda…» (in Zeca Afonso – “Livra-te do Medo” de José A. Salvador)

E foi em Cabinda que conheci Zeca Afonso. Tinha vindo da floresta do Maiombe, de Tando Zinze propriamente dito onde tínhamos o aquartelamento, aquartelamento esse que foi entregue ao MPLA. Aguardava no B.Caç.11 (Gorilas do Maiombe) embarque para Luanda onde iria passar à disponibilidade quando fomos convidados para irmos ao Cinema Chiloango onde iriam cantar o Zeca, Fausto e Adriano. Já ouvia Zeca do qual tinha alguns discos e muitas cassetes com música dele. Nessa época não me apercebi que Zeca era uma “persona non grata” para o Estado Novo, pois em Angola a influência da PIDE era muito discreta e nem sabia que existia. Ouvia as canções do Zeca sem problemas e na tropa até parodiávamos com os nossos superiores cantando a “Ronda dos Paisanos” mas com letras nossas as quais já não me lembro.

O Cinema Chiloango estava apinhado de soldados. Eu sentei-me fardado na escadaria que dava acesso ao palco. “Trova do Vento que Passa”, “Os Vampiros” e tantas outras canções que ouvia no meu gravador, passaram por aquele palco. Última canção… “Grândola, Vila Morena”. Aqui o Zeca pediu para quem quisesse, subisse ao palco para cantar. Mal tinha acabado de dizer isto já eu estava com o meu braço enlaçado no dele. E foi assim que em janeiro de 1975 “conheci” o Zeca.

Até 2014, de Zeca Afonso só conhecia as suas músicas tendo-lhe feito uma página musical que me demorou 8 anos a fazer. (2007/2015). Ao integrar-me no FB “Grupo de Amigos de José Afonso” é que me apercebi que havia mais, muito mais, sobre a Vida e Obra do Zeca. Mas aquele FB não tinha os requisitos para o que desejava; falar exclusivamente, sobre tudo a que Zeca dizia respeito. Assim criei o meu próprio FB, onde só é permitido “falar” de Zeca. Assim nasceu o meu “Tributo a Zeca Afonso”. Muitos inéditos foram já conseguidos. Muitos outros foram prometidos, mas até hoje as promessas não passaram de intenção. Mas não há que desanimar, o caminho faz-se caminhando. Com boa vontade de poucos, muito se consegue. E é nesse sentido que o ‘Tributo’ irá continuar. (…)

Nos Cantos Livres, cantando em locais inimagináveis, Zeca foi a voz do povo. Foi um homem humilde, honesto, solidário, que deu o melhor de si: «Não me arrependo de nada do que fiz. Mais: eu sou aquilo que fiz. Embora com reservas acreditava o suficiente no que estava a fazer, e isso é que fica»… e está tudo dito.

Mário Lima


Aqui:

http://www.ofado.pt/?p=6364

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