quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

A prima Bia

Do "Senhor Arcanjo" de Zeca Afonso.

"Que bela fita
Que bem não está
A prima Bia
De tafetá"


Quem seria esta prima Bia?

A prima Bia era prima do Zeca em 2º grau. Morava em Lisboa, na Avenida Almirante Reis já perto do Areeiro. Depois do Zeca ter feito o exame de admissão em Coimbra (27 de julho de 1940) o tio Filomeno levou-o mais ao irmão João, a ver a Exposição do Mundo Português (decorreu de 23 de Junho a 2 de Dezembro de 1940 entre o Tejo e o Mosteiro de Jerónimos. O Padrão dos Descobrimentos, que podemos admirar hoje, é réplica do original, e foi inaugurado em 1960.

Hospedaram-se durante uma noite, na casa da prima Bia.

"A prima Bia era intemporal ou assim parecia. Desde quando ostentaria aquele mesmo ar gaiteiro e insubmisso com que a entrevíamos muito a espaço? Os mesmos vestidos garridos e roçagantes, os mesmos bandós de um loiro indefinido?" (1)

"... ela (a prima Bia teria sido a namorada (ocasional) do pai do Zeca e João, nos tempos de estudante universitário) e os seus cabelos tremelicantes, de um loiro inseguro, envolta mais em tules e musselinas do que no tafetá com que Zeca a vestiu numa das suas canções (...) Era a prima de Lisboa. Mas o que mais me seduziu nela (sem talvez dar muito por isso) foi a sua independência, num tempo em que se apontava o lar à mulher, como destino único". (2)

(1) - José Afonso - Um Olhar Fraterno - João Afonso dos Santos
(2) - O Último dos colonos" - João Afonso dos Santos

Agora vamos revisitar o que Zeca e o irmão terão visto em 1940, a Exposição do Mundo Português. Conforme referi, o Padrão dos Descobrimentos que se vê neste filme (3'14''), não é o atual. O original era feito de uma leve estrutura de ferro e cimento, sendo em estafe (placas de gesso e fibras vegetais, reforçadas com réguas de madeira) a composição escultórica formada por trinta e três figuras, tendo em destaque o Infante D. Henrique. O atual é feito de betão revestido de pedra rosal de Leiria.
Neste filme podemos ver as eminências pardas (todos mandavam na "sombra" de uns e outros), como Óscar Carmona, o então presidente da república, Salazar e o Cardeal Cerejeira.


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